quinta-feira, 21 de outubro de 2010

BAUHAUS - Instituição e Influências

Johannes Itten: pintor, escultor e professor suíço nos três primeiros anos de Bauhaus. Inspirado nos conhecimentos de Franz Cizek que através de colagens de materiais diferentes conseguiu desenvolver uma forma de aprendizagem que estimulasse a criatividade individual (ou seja, sair da teoria e aprender na prática), Itten desenvolveu uma espécie de curso preliminar obrigatório aos alunos que estivessem começando a estudar na escola, com o objetivo de que descobrissem suas habilidades específicas e com esse curso pudessem desenvolvê-las melhor. Em 1921, Itten permaneceu por algum tempo em um centro masdeísta voltando na metade do ano. Nesse tempo, estudou a filosofia oriental e aprendeu os ensinamentos do masdeísmo (visão do mundo como uma luta entre o bem e o mal), uma religião que exigia um estilo de vida rigoroso que incluía dietas e jejuns, e exercícios de respiração e relaxamento para o bem-estar físico e mental, fundamentais para estimular a criatividade.

Imagem 01: Johannes Itten Imagem 02: Franz Cizek

FONTE: http://bit.ly/bdYzv3 FONTE: http://bit.ly/9DqCym

Em 1921 e 1922, duas novas personalidades surgiram para compor o grupo de artistas da Bauhaus, são eles: Theo van Doesburg (holandês ligado ao De Stijl) e Wassily Kandinsky (pintor russo, sugerido por Itten). Van Doesburg defendia uma estética racional e atiindividualista, já Kandisnsky, assim como Itten, era adepto de uma arte emotiva, até mesmo mística. Entre os dois, quem se destacou mais na escola foi Van Doesburg, que foi bem recebido e aceito desde o princípio pelos alunos, influenciando na produção dos ateliês, nas regras quanto ao ensinamento na Bauhaus e até no mobiliário do escritório de Gropius (que é mantido inalterado até hoje).

Imagem 03: Theo van Doesburg Imagem 04: Wassily Kandinsky

FONTE: http://bit.ly/cNyz7f FONTE: http://bit.ly/aM0F9c

Devido à crítica situação sócio-econômica em 1922, Gropius precisou modificar o programa original da Bauhaus baseado nos ofícios. Propôs então uma reconciliação entre design artesanal e produção industrial. Isso provocou a demissão de Itten. Seu cargo foi ocupado por László Moholy-Nagy, artista húngaro. Depois de ter entrado em contato com o designer russo El Lissitzky, suas pinturas começaram a ter elementos suprematistas, ou seja, a linha reta, linhas verticais e horizontais, cores primárias, quadrados, etc.

Imagem 05: László Moholy-Nagy Imagem 06: elementos suprematistas, racionalidade através

da pureza geométrica, Obra de Malevich.

FONTE: http://bit.ly/9pcYdf FONTE: http://bit.ly/cBcSvU

Em 1922, Moholy-Nagy foi fazer um pedido por telefone a uma fábrica de letreiros de cinco pinturas esmaltadas. Tendo ele e o vendedor do outro lado da linha um caderno com papel quadriculado na mão, Moholy-Nagy foi ditando as formas em sua posição correta, sem que precisasse mostrar os esboços das pinturas que tinha desenhado. Isso impressionou Gropius, que convidou Moholy a comandar o curso preliminar (antes comandado por Itten) e a oficina de metalurgia. A partir da influência desse professor, os produtos feitos nas oficinas passaram a ter um elementarismo construtivista, ou seja, buscava a integração da arte e indústria. Com o objetivo de revelar as propriedades estáticas e estéticas das estruturas assimétricas livres, introduziu no curso, juntamente com Joseph Albers (professor, escritor, pintor, téorico alemão), exercícios de estruturas de equilíbrio envolvendo madeira, metal, vidro e arame, substituindo o objetivo de contrastar materiais e formas.

Imagem 07: Joseph Albers

FONTE: http://bit.ly/bTEFVk

O estilo elementarista-construtivista foi complementado pela influência do De Stijl em Van Doesburg e pelo pós-cubismo da forma. Isso pode ser observado na Casa Sommerfeld, projetada por Gropius e Meyer e concluída em Berlim-Dahlem em 1922, e a Casa Experimental Bauhaus, projetada por Muche e Meyer. As duas edificações foram construídas e mobiliadas pelas oficinas e ateliês da Bauhaus, com o objetivo de servirem como casas-modelo. A primeira foi projetada como uma casa de madeira tradicional, já a segunda contém os acabamentos mais refinados e mobiliário moderno com o objetivo de ser uma “máquina de viver”, poupando trabalho.

Imagem 08: Casa Sommerfeld Imagem 09: Casa Experimental

FONTE: http://bit.ly/c8CDdm FONTE: http://bit.ly/d9bfgE

Em 1926, a Bauhaus têm uma cede construída em Dessau, na periferia de Berlim, que na época estava em rápida expansão industrial. A partir dessa data, desenvolveu-se cada vez mais a produção de mobiliários como mesas, cadeiras, luminárias, tecidos texturados, entre outros. No início de 1928, Gropius pede demissão, indicando Hannes Meyer (arquiteto suíço) como seu sucessor. A partir desse momento, os objetos da Bauhaus passaram a ser fabricados em maior quantidade, porém agora com ênfase no social, e não mais na estética. Hannes tinha o objetivo de reformular o sistema educacional da Bauhaus introduzindo Sociologia, Economia e Psicologia, para valorizar a racionalidade, o materialismo e o ensino-científico.

Imagem 10: Bauhaus em Dessau, 1926. Imagem 11: Hannes Meyer

FONTE: http://bit.ly/9JCjl5 FONTE: http://bit.ly/cgguq3


Referências:

http://tecendoasabedoria.blogspot.com/p/crenca-fe-e-religiao.html

http://tipografos.net/bauhaus/bauhaus-dessau.html

BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna - Capítulo 14. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001. 813 p.

4 comentários:

  1. Ficou bem bom o texto Ka, a bauhaus foi uma das mais importantes expressões do que é chamado modernismo no design e na arquitetura.

    Safira Mônica Gatto

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  2. Com essa missão final de Gropius, fazendo a reconciliação entre design artesanal e produção industrial, que nada mais é do que a união dos artistas, artesãos e arquitetos para recriar o mundo, por volta de 1927, a Bauhaus começou a fazer e ensinar arquitetura com ponderação, produzindo habitações que se caracterizavam em baixo custo e funcionalidade.

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  3. A Bauhaus utilizou-se bem das novas tecnologias construtivas, nos deixando claras possibilidades de construção, conseguindo vencer grandes vãos sem sustentação, possibilitando assim o uso de materiais sem ser estrutural. As janelas em fita é um elemento que ainda hoje é muito utilizado e nos permite uma maior interação entre interior e exterior

    Aline Dall' Bello

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  4. Theo Van Doesburg, além de ser bem recebido e aceito pela Bauhaus, com seu estilo elementarista-construtivista, foi fundador e um dos líderes do De Stijl, bastante ligado ao Dadaísmo, vanguarda de Zurique que enfatizou o ilógico e o absurdo. Doesburg era também associado ao Neoplasticismo holandês, onde usava apenas as cores primarias em suas obras, e ao Concretismo, vanguarda que se destacava em primeiro momento na música, mais tarde na poesia e nas artes plasticas. Foi em consequência a todas essas experiências que se tornou um professor de grande importancia na Bauhaus, e até foi influência na criação desses atêlies, defendo sempre a estética racional.

    Suelen Tessari.

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